Escrevinhando meus parabéns pra Ídea.

Não poderia deixar de escrevinhar sobre minha filha Idea. Hoje ela faz dezoito anos. Muito linda, às vezes muito meiga, outras estressadona, em algum momentos uma filha que necessita de carinho e em outras me trata como uma filha carente.
Foi muito importante em nossas vidas os três anos de convivência que tivemos em Ipameri. Nosso mundo se resumia em dois quartos conjugados, dormíamos os quatro (eu, ela, Murillo e fifinho) em um deles.
Ali ríamos, chorávamos, traçávamos planos, falávamos dos outros irmãos que haviam ficado em Goiânia. E foi assim que fomos nos conhecendo em cada gesto, em cada olhar.
Muitas vezes eu me contrariava com ela, principalmente no primeiro ano que moramos lá. Eu sentia que ela gostava quando eu vinha pra Goiânia, afinal ficaria livre de minha pegação no pé. Mas o tempo passou e com ele veio o crescimento, o reajuste no comportamento, amizades que me contrariavam foram deixadas pra trás.
Passei momentos difíceis lá. Primeiramente a ida do Felipe que mudou minha vida quando eu não havia me preparado pra isso. Quando fui trabalhar com Toninho as coisas se tornaram mais complicadas um pouco.
Depois veio outro problema que se arrasta em meu coração até hoje. Depois outro e mais outro. Em todos eles estavam os dois – ela e Murillo- presentes.
Me ouviam, me ajudavam a carregar o fardo. Ninguém sabia, ninguém desconfiava do que se passava naquele quarto.
Foi assim que Idea aprendeu a me conhecer. Coração aberto, limpo, sem motivo para rir quando eu necessitava era de chorar. Quantas vezes rimos os três naquele quarto. Os papéis se nverteram várias vezes e de filha ela passava a ser mãe.
Isso fez com que ela se tornasse a pessoa – posso afirmar sem sombra de dúvida - que mais me conhece no íntimo, verdadeiramente, se não a única. Conforme eu chego em casa, quando há quem pense que estou de estressada (esqueci como dizem sobre minha cara), ela chega em mim e pergunta: mãe, o que foi? o que a senhora tem? o que aconteceu? E tira tempo pra me ouvir.
Dia desses adoeci. Eu via no olhar dela o "medo" de que eu morresse. E se isso acontecesse uma coisa era certa, ela saberia se eu estava ou não preparada pra isso, se eu tinha ou não medo da morte, porque ela me perguntou. Saberia dizer quem eu amo, com quem eu me casaria, o que eu sinto a respeito de cada filho, de cada amigo, quem eu amo, quem eu gosto, quem eu acho bonito, as roupas que eu gosto. . Saberia o centro que eu frequentava e por que eu gostava de ir lá. Me acompanhou em minhas idas ao médico, entrou no consultório comigo, quiz saber de tudo.

Sábado eu fiz uma palestra no centro e ela estava lá. O tema era "Bem aventurado os misericordiosos porque obterão misericórdia", em outras palavras, perdoai para que Deus o perdoe. Na volta pra casa, ela comentou: mãe, quem ouviu a senhora falar sobre perdão nem pensa que a senhora não consegue perdoar "fulano e ciclano". Eu respondi a ela que eu não me coloquei na posição de quem perdoa sempre, ao contrário, assumi que tem um fato que estou tendo dificuldade em perdoar porque está faltando a misericórdia em mim, mas o outro é mais uma bobagem do que uma falta de perdão. Ela disse: é verdade, falou mesmo. E esse assunto rendeu conversa entre nós duas até 4 e meia da manhã.
Dormimos juntas na mesma cama e com isso vamos nos conhecendo melhor a cada dia.

Nesse dia 11 de agosto eu quero dizer a você fiota que te amo muito, quero te agradecer por todos os momentos que você está ao meu lado, me aturando, me ouvindo e me dando liberdade pra não ter que usar máscara com você da mesma maneira que você não necessita de usar comigo.

Que nosso Pai Maior, nosso Mestre Jesus ilumine seu caminho, guie seus passos.

OBS.: nem sempre tudo são flores, às vezes você é chata, estressada, convencida.