Domingo passado eu estava parada conversando dentro do carro em uma rua do setor Coimbra quando vi passar numa rua perpendicular à que eu me encontrava, um homem cuja idade não deu pra calcular, mas não me pareceu ter mais que 35 anos, completamente bêbado. Por uns instantes me pus a pensar sobre ele: será que estaria indo pra casa ou será que ainda iria beber mais? alguém o esperaria? mãe, esposa, filhos?
sim, porque são estas as pessoas que sempre esperam. Amigos, dificilmente e irmãos, alguns, mas principalmente me perguntei: ele teria numa altura dessas, uma casa para onde voltar?
Mergulhei por instantes em meus pensamentos e como um filme passou em meus pensamentos as várias pessoas que conheço que em alguns momentos já vi assim.
Nesse último sábado, três horas da madrugada (sexta pra sábado), eu passava com minha filha pela praça C, no Coimbra, quando vimos duas pessoas também bêbadas, dessa vez eu (nós) as conhecíamos. Muito triste ver uma cena dessas quando não conhecemos a pessoa, mas mais triste ainda quando conhecemos. Ambos tinham pra onde voltar. Um deles mora com a mãe, irmãos, sobrinhos. Perguntei à minha filha: será que a mãe dele o espera? será que fica triste por ele beber assim? E se a mãe dele morresse hoje, que tipo de vida ele iria levar, será que os irmãos concordariam em tratar dele?
Quanto ao outro, sempre diz que foi a última vez, mas somente quando ataca a ressaca moral.
Me pergunto: o que leva um ser humano a beber assim, sem limites? por que sempre tem que haver um motivo, uma causa? Se não há uma razão, uma desculpa, dizem que é doença, há ainda os que dizem ser atuação vampirística (segundo o espiritismo, são espíritos de alcóolatras desencarnados que usam encarnados para satisfazer seu vício, será??).
Eu teria muito a dizer, sobre a "marvada da catchaça", Um dia, em uma palestra sobre alcoolismo, vi uma senhora que sentava atrás de mim com os olhos cheios de lágrimas e rapidamente pude sentir o drama que ela deveria carregar consigo. Sua história com certeza era tão sofrida quanto todas as outras que conhecemos, apenas com uma diferença: a alcóolatra era ela. E aí? ela era (é) a causadora do sofrimento da família. Dizia querer parar de beber, mas "não dava conta, devia ser algo espiritual". Sempre assim, o que não damos conta, o que não temos força pra mudar é mais cômodo culpar os espíritos (para quem é espírita).
No caso específico de sábado, estive conversando com um dos dois na semana passada e ele se queixava que a vida andava ruim, profissionalmente estava indo mal, etc andava estressado e essa deve ser sua forma de se desestressar.
Não encaro o alcoolismo como doença, embora a medicina prove que é, mas tudo começa quando a pessoa deixa que o corpo domine o espírito quando deveria ser o contrário.
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