Ano de 2001 –Nesse ano eu ministrava evangelização infantil num centro espírita da periferia de Goiânia, lugar longe, muito longe, ainda nem tinha asfalto nas ruas do setor (hoje o setor está asfaltado, as casas melhoraram a aparência) .
Meninada custosa, cruzes. Cada manhã de domingo era um teste de paciência.
Dentre aquela molecada “capetinhas”, três se destacavam: Allan, Jean e João Carlos.
Eram tão levados, tão baguncentos, que quando eu queria um pouquinho só de paz (era impossível conseguir pouco mais de um pouquinho) eu colocava os três para tomar conta da classe pra mim. Um método que nem sempre dava certo, mas eu arriscava pelo “de vez em quando” que dava.
A calmaria só chegava quando era servida a sopa. Depois da sopa eu sempre distribuía balinha, pirulito ou chocolate aos que se comportavam um pouco melhor, porque na verdade, somente uns 4 não davam trabalho, mas o restante, por mais baguncentos que fossem, não se igualavam ao trio Jean, João Carlos e Allan . Se algum dia eles mereceram ganhar balas, não me recordo. Broncas sim, levavam e muitas.
Mas por incrível que pareça eu gostava muito deles e eles de mim. Interessante, apesar da levadeza e desobediência eles eram muito carinhosos comigo. Allan e João Carlos inclusive vieram várias vezes na minha casa, principalmente o João Carlos. E sempre me telefonavam durante a semana.
Fiquei por lá quase dois anos, mas por motivos de força maior tive que deixar de ir.
Não soube mais notícias deles.
No final do ano passado a dirigente do centro descobriu que eu havia retornado de Ipameri e me convidou pra ir lá fazer uma palestra. Fui. Qual não foi minha surpresa ao reencontrar todos de lá. Pessoas que eu gostava, mas que nem me lembrava mais que existiam – muitos que na época eram adolescentes já haviam se casado; reencontrei crianças que agora já eram “mocinhos e mocinhas”; homens, mulheres, quantos abraços...
Mas a surpresa maior estava por vir: enquanto eu falava, percebia que havia alguém atrás de mim e não era espírito, isso eu sabia..rsss. quando terminei de falar senti uma mão no meu ombro: lembra de mim, “tia Margarete”? claro que me lembrava, era João Carlos, crescido, modificado, me abraçou e segurando em minha mão me levou na sala das crianças. Qual não foi minha surpresa quando fiquei sabendo quem tomava conta da sala: ele e Jean. Vocês dois? Como? E foram me contar com alegria o trabalho que faziam com as crianças (as levadas de agora). Bom, falar de minha emoção é bobagem, pois somente sente quem vive a situação. E Alan? Só vem quando pode, ele trabalha aos sábados.
Firmei um “contrato de trabalho” e vou lá todo primeiro sábado do mês fazer palestra. Hoje foi um desses sábados. Como é bom conversar com Jean (alto, de óculos, bonito, compenetrado), ouvir seus projetos, sentir sua alegria em evangelizar, como é bom ver João Carlos dentro daquela sala onde tanto trabalho ele dava, dizendo agora: “calem a boca, pelo amor de Deus, vocês não são gente não???”...rsss. E um dia desses reencontrei o Allan na porta do centro, quando pode vai participar das reuniões, está estudando e trabalhando.
Nada de diferente, apenas um motivo para darmos uma paradinha na correria de cada dia e jogarmos um pouco de conversa fora.. Não pensem que tudo que está escrito aqui tenha se passado comigo, pois talvez você possa reconhecer sua história aqui, mesmo que eu não cite seu nome. Leia, critique, elogie, mas não fique calado(a). E antes que me perguntem porque esse nome de Escrevinhado, localizem a primeira postagem e leiam. MUITA PAZ A TODOS. QUE DEUS NOS PROTEJA SEMPRE...
Adoráveis capetinhas
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