Quando eu publiquei o Soneto de Havers, recebi vários emails me parabenizando pela escolha, e através deles descobri quantas pessoas têm o bendito segredo na alma e um mistério na vida.
Neste Natal, me veio na lembrança este soneto (como se fosse possível esquecê-lo).
Uma manhã bonita, eu na área da casa de minha mãe, teclando com um amigo. Alguém passa, curiosamente vê e comenta: bonitão seu amigo... sim, e após isso várias perguntas surgiram, mais pessoas vieram conferir e indagações não faltaram: como, onde, porque se conheceram? A partir daí, senti vontade ou inspiração para contar a história desse grande amigo, cujo prazer terei de recebê-lo, juntamente com a esposa, assim que o inverno se inicie em algum lugar deste nosso imenso universo. A foto estava ali no MSN, como se aprovando tudo que eu viesse a dizer. E senti vontade de relatar a história desse amigo, grande amigo.
Nos conhecemos por acaso, tentando resolver um problema de malhas em planta de situação, que não era nosso. Problema resolvido, iniciou nossa amizade. Devo a ele vários aprendizados, vários momentos em que me tirou do sufoco,m e ajudando, principalmente quando naquela turbulenta fase “João Barcelos”. Ele me dava apoio com o serviço, mas também me mostrava sua amizade me aconselhando parar com o serviço. (você lembra dessas fase, meu amigo??). Foram várias divisões de áreas, desenhos, relatórios, etc. Excel? Nem me diga, me ensinou várias coisas e me presenteou com uma tabelinha de cálculo que guardo e uso com o maior carinho. Como era bom quando ele me enviava material sobre geo vindo do INCRA de um estado um pouco longe do meu. Conversávamos bastante, falávamos de nossas vidas, dos fracassos, das vitórias...
Sua esposa, que eu achava linda, cabelos curtos inspirando confiança e no olhar um dizer que vivia um casamento feliz, estável. Com ele não era diferente. As viagens, os passeios, fotos que me chegavam confirmavam que ali estava um casal que sabia viver bem. Me lembro que um dia ele comentou sobre um namoro de adolescente, coisa do passado, mas (e aí entra Havers – um mistério na vida!) cujos laços foram interrompidos por força das circunstancias. Coisa de quase 40 anos atrás.
Me lembro quando ele se despediu para viajar para a festa de 60 anos de um amigo. Muitas emoções, mas uma foi indescritível: ali estava aquela adolescente, aquele namoro mal terminado, frutos de várias recordações. Quando me enviou as fotos da festa uma se revelava ser especial. Ali estava já o destino determinando a vida de 3 pessoas que se encontravam na mesma mesa (a esposa, feliz, a ex, emocionada). Quando ele retornou do encontro, me contou a novidade. Não preciso de entrar em detalhes, apenas que ele teve a coragem de deixar toda a vida que havia sido construída a dois para assumirem, ou melhor, retomarem o grande amor que um dia no passado, haviam perdido. No início fiquei muito abalada com a notícia, eu me colocava no lugar da esposa dele. Quanto sofrimento ela passaria? Como justificar o término de um relacionamento que, no mínimo, era estável?
Meu amigo acreditou no amor, estão felizes há quase um ano. Foi tudo muito rápido. É necessário que haja coragem, que se acredite no amor. Ele teve e estão felizes. Claro que nem todos os filhos aceitaram, mas o tempo ainda é o senhor da razão. Como sua vida mudou! Mudaram os planos, é um avô amoroso, companheiro até na profissão, recordam o namoro de adolescente, e se comprazem com isso. Lindo o amor deles...
Disse a ele naquele instante no MSN que estava contando sua história e pedi que mandasse fotos, pois as minhas não se encontram no notebook. Enviou várias. Mas de tudo isso, o mais importante, foi o clima que se formou em torno de mim. Todos queriam saber mais e mais.
Parecia até que as pessoas ali presentes gostariam de ter a coragem para tomar uma atitude, uma mudança de vida, onde se lutaria para ser feliz e não para estar feliz.
Hoje já sou amiga da esposa dele e estamos programando uma vinda deles na terra do Cerrado, já estamos fazendo programação de passeios, cidades, etc... Vai ser um prazer receber em minha casa esse casal que acima de tudo não tiveram medo de enfrentar o mundo para serem felizes.
Querido amigo, sua vinda aqui será apenas um risquinho que vou apagar na parede (lembra dessa conversa?)... Receberei vocês dois de braços abertos, com muito amor e carinho. E que essa história de coragem para viver o amor sirva de exemplo para aqueles que se sentem impotentes diante de uma relação de amor.
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