Um dia falaram que iria chegar um novo chefe na repartição. Quem já o conhecia dizia ser ele uma pessoa muito boa, todos aguardavam por ele. Quando ela o viu o achou um senhor meio brega em seu paletó xadrez, mas muito educado, calmo. Um dia ela se apresentou a ele em sua sala, contou que tinha problemas ali, mas ele já sabia, não era surpresa, assim como aconteceu com ele que a propaganda boa veio antes, com ela também havia acontecido, mas ao contrário, a propaganda negativa chegou primeiro. Ele gostou da atitude dela e prometeu ajudá-la. Ambos eram casados. Ele tinha 4 filhos naturais e mais um tanto adotivos além de uma esposa dedicada. Ele não era novo, já tinha seus cinquenta e tantos anos; não era bonito, mas muito simpático. Ela, casada, também tinha filhos e um marido que passou a sentir ciúmes dele.
O tempo passava e com ele a amizade entre ambos crescia. Ela o via como um pai, um protetor, mas ele a sentia como mulher. Se apaixonou por ela e com o passar do tempo essa paixão se transformou em amor. Claro que era amor, pois esse sentimento não é aquele de quem deseja estar sempre perto da pessoa, deseja sempre o melhor a ela, de quem se dedica ao outro sem pedir nada em troca, que ao mesmo tempo que se tem amizade também deseja ter a pessoa? Era um sentimento de amor lutando contra uma amizade forte.O tempo passou, ambos deixaram aquele trabalho, cada um seguiu caminho diferente, mas sempre em contato. De vez em quando iam tomar uma cervejinha juntos, colocar a conversa em dia. Seu marido, ciumento, dizia que o filho mais velho era filho dele (quizera Deus que fosse, pensava ela, mas não havia a menor possibilidade). Ela gostava de estar com ele, de sua proteção, sua maneira paternal de ser, mas o amor (homem/mulher) por ele não veio e o dele não se foi. Por motivos alheios à vontade de ambos estiveram afastados um tempo, perderam o contato, telefones mudaram de número, também o local de trabalho. Em seu coração ela sentia o desejo de revê-lo, de saber o que foi feito daquele amor que ele sentia, de contar como estava sua vida, dos problemas que passou, das vitórias que alcançou, mas nada, ninguém dava notícias, até que um dia.
Ela estava trabalhando e pelo vidro da porta viu uns passos característicos, primeiro o calcanhar, depois o restante do pé, andar tranquilo. "Eu conheço esses passos, é ele", pensou enquanto procurava o rosto dono daquela maneira de caminhar. Chamou-o pelo nome, ele assustou, mas sorrindo, um riso de surpresa e alegria, ele entrou naquele ambiente. Feliz, a abraçou, depois pegou em suas mãos, olhou em seus olhos e disse: "Hoje, ao sair de casa, eu não imaginei que fosse reencontrar você, o grande amor da minha vida. Meu coração está batendo descompassado e alegre é uma recompensa pelo tanto que procurei você". Estava ali a resposta que ela queria à pergunta que não calava em seus pensamentos: a amizade sincera que ela sentia por ele não acabava nunca, mas será que o amor foi menos forte que a amizade, não sobreviveu?
Claro que sobreviveu, porque o amor sempre sobrevive, mesmo que por um tempo ele se acomode.
Um comentário:
Adorei esse texto seu, arrepiei, as vezes deixar o amor acomodado é a melhor coisa a fazer.
Eu acho ne kkkkkkk
Bj e amo
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